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Por Fabiana Félix 13 dez., 2020
Henry Jenkins, norte-americano e grande estudioso, considerado um dos maiores pesquisadores da área de comunicação, nos presenteou com duas grandes obras, intituladas Cultura da Convergência e Cultura da Conexão. O grande público na co-produção de conteúdos originários dos meios tradicionais A primeira delas, publicada pela primeira vez em 2006, interpreta a transformação midiática que ocorre num cenário onde os meios tradicionais e os digitais se cruzam em mãos dupla: de cima para baixo e de baixo para cima. Jenkins aborda o impacto que grandes empresas de TV, rádio, jornal e revistas, acostumadas a produzir e distribuir conteúdo em canais únicos para um público de massa, sofrem com o advento da internet, onde os conteúdos passam a ser reproduzidos em múltiplas plataformas e também ganham co-produtores, por meio da participação ativa do público. A cultura de espectador dá espaço a cultura de participação. Uma realidade muito mais complexa, que tira o poder de um pequeno número de poderosas empresas de mídia, detentoras da informação, oferendo aos seus consumidores a possibilidade de contar histórias, gerando e co-criando conteúdos, com mídias na palma da mão e conectados simultaneamente a diversos canais, que replicam e complementam informações. Essa convergência não ocorre apenas em aparelhos, mas na interação social, nas conexões entre os consumidores, construindo aquilo que o citado autor Pierri Levy denomina de inteligência coletiva, formada por fragmentos extraídos do fluxo midiático de diversas origens, opiniões e conceitos. Como grande exemplo, temos a Wikepedia. Unir para seguir em frente Para embasar seus conceitos, Jenkins conta algumas histórias, como a da conferência New Orleans Media Experience, realizada em outubro de 2003, onde diferentes perfis de participantes e indústrias de entretenimentos compartilhavam problemas e soluções que envolviam a interação das mídias. O evento impulsionou a todos para um futuro onde a convergência era a realidade e onde todos deveriam unir-se para sobreviver. Henry Jenkins afirma que as tecnologias de distribuição mudam e os velhos meios se transformam, mas não morrem, atendendo novas formas de consumo de um público não leal, ativo, migratórios, conectado socialmente e barulhento. Propagar ou morrer Já no livro A Cultura da Conexão, escrito anos depois, em 2014, Henry Jenkins explora a ideia de que aquilo que não se propaga, morre. Contrapõe o conteúdo viral, de conotação negativa e passiva do ponto de vista do consumidor, e o conteúdo que se propaga de forma ativa e que pode ser refeito, remixado, conforme o interesse e por iniciativa do público. Memes, lives e tweets são alguns exemplos de como isso ocorre. O livro relaciona as questões da sociedade e das novas mídias e o quanto isso afeta marcas e empresas na sua relação com o público. Um exemplo positivo sobre como a propagação pode beneficiar conteúdos que possuem aderência com o público foi demonstrado com o caso da cantora Susan Boyle. Lançada dentro de um programa televisivo de exibição restrita ao mercado Britânico, ela ganhou o mundo com a reprodução da sua surpreendente apresentação em canais como Youtube, reeditada de formas diferentes e por múltiplos usuários, alcançando mais visualizações do que a audiência do seu meio original. A cultura de rede como impulsionadora de audiência Temos que entender as práticas culturais que impulsionam as tecnologias de compartilhamento, que envolvem especialmente redes sociais e pessoas cada vez mais conectadas naquilo que se nomeia “cultura ligada em rede”, um cenário em que indivíduos contam com os outros para passar adiante informações, notícias e entretenimento. As duas obras que, de certa forma, se complementam, retratam a história da transformação midiática a partir da configuração da internet como uma via de conexão entre as pessoas e de continuidade e complementariedade dos meios tradicionais. Convergir para conquistar Esse fenômeno propiciou a união entre indústrias de diferentes setores, para a construção de soluções inovadoras e aderentes aos interesses e necessidades dos consumidores contemporâneos. Uma grande integração entre os canais digitais e tradicionais. Empresas que antes não imaginavam uma conversa, agora dividem salas de reuniões, elaborando propostas que integram suas soluções e proporcionam aos consumidores produtos e serviços disruptivos que atendem necessidades e criam desejos. Dentro desse contexto, ganham as marcas que estão atentas às diferentes plataformas e meios por onde trafegam os consumidores, seja no ambiente digital, eletrônico, impresso e até presencial. Estar de olhos bem abertos à jornada do cliente e entender como cada ponto de contato pode influenciá-lo é a grande oportunidade para se destacar em um mundo em que a atenção e a escolha do consumidor é altamente disputada. Autora: Fabiana Machado Félix, inspirada pelas obras de Henry Jenkins, Cultura da Convergência (2008) e Cultura da Conexão (2014).
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